Lineapelle 103 tratará de desmatamento e rastreabilidade

O tema não é quente: está em brasa. E impõe a necessidade de atualizações e insights oportunos.

Falamos de desmatamento e rastreabilidade, verdadeiras espadas de Dâmocles que pairam sobre as cabeças da indústria curtidora e de toda sua cadeia de abastecimento. Assim, durante a próxima edição da Lineapelle (20/22 de fevereiro de 2024) não poderia faltar um momento de reflexão, partilha e debate sobre estes temas.

Título: “O Regulamento da União Europeia sobre Desmatamento (EUDR) n. 1.115/2023 e o desafio da rastreabilidade na cadeia produtiva do couro bovino”. Organizadores: UNIC – Curtumes Italianos em colaboração com Cotance.

Regulamentação do Desmatamento: o alarme da UNIC, a resposta de Urso

“É importante que a sustentabilidade ambiental que devemos perseguir na Europa seja compatível com a sustentabilidade social e industrial das empresas e do trabalho europeus. Caso contrário, a Europa será transformada em um museu a céu aberto, num deserto industrial.” Palavras de Adolfo Urso, diretor do Ministério de Negócios e do Made in Italy (à direita da foto), ditas ontem em Milão, durante a inauguração das feiras Italian Leather Supply Chain que fazem parte da galáxia de Confindustria Moda e pronunciadas logo após o discurso de Fabrizio Nuti, presidente da UNIC – Curtumes Italianos (à esquerda na foto), que denunciou os riscos da entrada em vigor do regulamento 2009/103/CE. Alias, aquele que Bruxelas impôs às empresas europeias sobre o tema “Desmatamento e Rastreabilidade” e que corre o risco de se transformar numa arma na cabeça dos curtumes italianos.

A geometria dos números

“A indústria curtidora na Itália – explica Nuti – é composta por cerca de 1.100 empresas com um volume de negócios de cerca de 5 bilhões de euros. Estes números, no entanto, também podem ser comuns também a outros setores. O que realmente dá sentido à importância do nosso setor são as percentagens que definem a nossa posição na Europa, onde a nossa participação vale 66%. No mundo, porém, valemos 25%: nós, os italianos, produzimos um quarto de todo o couro do mundo”. No entanto, continua Nuti, “temos uma pedra no sapato. O fornecimento interno de matérias-primas é menos de 10%, por isso dependemos quase que inteiramente dos países estrangeiros para a nossa produção.” Aqui, então, “a geometria destes números deixa claro que a legislação europeia não presta atenção à nossa liderança, já que nos impõe regulamentos e diretivas que impõem regras impossíveis de serem cumpridas”.

O alarme da UNIC sobre o desmatamento

O exemplo mais atual e crítico está relacionado com a regulamentação “sobre o desmatamento – continua o presidente da UNIC -. Fomos erroneamente incluídos nesta diretiva. Na verdade, somos nós que recolhemos os resíduos de processamento da indústria da carne. Utilizamos um subproduto ao qual damos nova vida.” Na prática: o curtume resolve um problema e, como resultado, criam-se outros bens e produtos. “Este regulamento obriga-nos a gerir obrigações burocráticas que não são difíceis, mas impossíveis. Temos que fazer uma declaração de rastreamento individual para cada pele. Existem curtumes que utilizam 1 ou 2 milhões de peles por ano. Se presumirmos que este procedimento requer 15/20 minutos de trabalho para cada pele, entendemos bem o que isso pode significar.”

Que a Europa não se transforme num deserto industrial

“Os dossiês industriais em Bruxelas – responde Urso – são em grande parte da responsabilidade da Diretoria do Meio Ambiente. Isto porque ao longo dos anos a UE foi dominada por uma cultura do ambientalismo que tinha uma direção precisa: destruir a indústria europeia”. Agora, porém, com a saída de Frans Timmermans, Comissário Europeu para o Clima e o Pacto Ecológico Europeu, que decidiu neste sentido, as coisas estão mudando. “Isso está demonstrado, entre outras coisas – conclui Urso – pelo novo formato de política industrial que lançamos, juntamente com a França e a Alemanha em Berlim, no dia 30 de junho. Revoluciona os ativos de governança comunitária, até então decididos pela França e pela Alemanha. Agora tem também a Itália. Os três grandes países decidem em conjunto o que fazer e o que a Comissão Europeia deve fazer.”

Fonte: La Conceria (www.laconceria.it)

Traduzido por ABQTIC