A verdade sobre o couro vegano

São conhecidos como “couro vegano” aqueles materiais que simulam o couro, mas geralmente são compostos por produtos de origem vegetal amalgamados com polímeros plásticos.

No entanto, alguns clientes veem estes materiais como uma alternativa mais ética e ecológica ao couro curtido.

A denominação “couro vegano” é ambígua e um tanto falaz. Por um lado, é um oximoro, pois algo só pode ser definido como “couro” se for de origem animal. E, por outro lado, esta definição esconde que, muitas vezes, os materiais alternativos ao couro continuam a ser derivados do plástico.

Para esclarecer o que está por trás dos termos “couro vegano”, bem como para quebrar alguns mitos em torno deles, a associação britânica de fabricantes de couros Leather UK lançou um artigo detalhado sobre o assunto. A seguir destacamos alguns dos pontos mais relevantes levantados pelo estudo.

A verdade

A primeira coisa que a Leather UK descobriu ao pesquisar alternativas veganas ao couro foi que apenas 24% das pessoas entrevistadas sabiam que o couro era um subproduto da indústria alimentícia e mais da metade (54%) não entendiam o significado de “couro vegano” nem que esses materiais pudessem conter elementos plásticos.

Couro ou uma alternativa ao couro?

O couro dura mais do que o PVC na maioria dos casos e, no final da sua vida útil, o couro degrada-se facilmente, em comparação com materiais à base de combustíveis fósseis, como o poliéster, o PVC e o PU, que acabam em aterros, aumentando os resíduos plásticos. Os tecidos à base de plástico produzem micro plásticos quando lavados e estes acabam na cadeia alimentar. «Se você quer saber se o couro vegano é melhor para o meio ambiente do que o couro verdadeiro, lembre-se que o couro vegano pode significar muitas coisas diferentes. Pode variar desde plástico puro PVC ou PU, até têxteis parcialmente plásticos e parcialmente vegetais, como “couro” de maçã, “couro” de abacaxi e “couro” de cogumelo, muito mais sustentável ​​e promissor”, explica o relatório da Leather UK.

Alternativas ao couro

Atualmente estamos trabalhando no desenvolvimento de têxteis alternativos com materiais naturais (maçã, cogumelo, abacaxi, cacto, etc.) que possam ser interessantes, mas ainda não estão disponíveis em escala e costumam ser caros. Por causa disso, é provável que a maioria dos materiais comercializados hoje como “couro vegano” ou “couro vegetal” sejam plásticos como PVC, PU ou similares, rotulados como couro falso ou sintético e feitos inteiramente de materiais plásticos de origem fóssil. Algumas alternativas promissoras são:

Couro de abacaxi: As folhas de abacaxi são um resíduo. As fibras são unidas com diferentes polímeros para formar um tecido. Em alguns casos o produto utilizado para a colagem é principalmente o plástico, noutros é o ácido poliáctico, que será compostado em condições industriais. Porém, com o estado atual de classificação e valorização de resíduos de calçado, vestuário e acessórios, é muito pouco provável que um produto com este material acabe noutro local que não seja um aterro, onde será apenas mais um produto plástico.

Couro de maçã: as fibras de resíduos de maçã devem ser unidas a um material plástico para proporcionar estabilidade, tornando o produto 50-75% plástico.

Couro de cacto: as fibras do cacto não possuem estrutura e durabilidade necessárias para a fabricação do produto e, assim como o abacaxi e a maçã, as fibras devem ser unidas a um material plástico. Geralmente é 65% poliuretano.

Couro de cogumelo: feito de micélio, a rede de filamentos que formam a estrutura subterrânea semelhante a um fio, dos cogumelos e que crescem no solo, como pequenos fios brancos. A estrutura do micélio é tratada ou curtida de forma semelhante ao couro para criar o produto final. Ao contrário da maioria das outras alternativas, o Cogumelo não pode conter materiais plásticos, exceto quando necessário para determinados acabamentos.

Como funcionam?

Um estudo recente do Instituto FILK de Freiberg (Alemanha) analisou diferentes materiais alternativos ao couro e comparou as suas características (resistência, flexibilidade, durabilidade, tração, etc.) com as do couro. A principal conclusão deste estudo é que, em geral, o couro apresenta melhor desempenho que os demais materiais comparados na maioria dos parâmetros analisados: é forte, resistente ao rasgo, dissipa a umidade rapidamente, mas ao mesmo tempo fornece uma barreira que atua para proteger contra a penetração da umidade, etc. Alguns dos outros materiais eram comparáveis ao couro em algumas das características testadas, mas nenhum deles conseguiu competir com o couro em todas elas.

Como identificar -Para distinguir o couro verdadeiro do couro falso, recomenda-se fazer cinco verificações.

Primeiro – cheire: uma das melhores coisas do couro é o seu glorioso aroma. Estas são provavelmente as coisas mais difíceis de falsificar, por isso este é um bom ponto de partida.

Segundo – leia a etiqueta: naturalmente, se o fabricante do item usou couro vai querer te avisar. Cuidado com etiquetagens falsas ou enganosas. Alguns países proibiram este tipo de informação enganosa, mas ainda aguardamos uma proibição total por parte da União Europeia.

Terceiro – toque: com sua superfície texturizada, o couro é macio e flexível. A imitação de couro provavelmente será lisa e um tanto dura ou pegajosa. O couro tem quentura comparado ao frio do plástico e pode esticar um pouco.

Quarto – verifique se há imperfeições: como o couro é um material 100% natural e orgânico, não existem duas peças iguais. O couro também apresenta imperfeições naturais. Além disso, verifique as bordas do couro. O artigo autêntico terá bordas ásperas e fibrosas, enquanto o material sintético terá bordas perfeitamente retas.

Quinto – experimente com um pouco de água: o couro genuíno é resistente à água, mas isso não significa que não absorverá um pouco na superfície. Os materiais falsificados, por outro lado, serão impermeáveis à água e ela simplesmente escorrerá.

Fonte: http://lederpiel.com/