A mudança dos processos do curtume com a Inteligência Artificial
A chegada da Inteligência Artificial está mudando as regras no curtume?
- O que muda no curtume com a entrada da Inteligência Artificial nos processos produtivos?
- De que forma, uma atividade que transformou a sua abordagem artesanal milenar num sentido industrial entrar, agora, numa dimensão futurística?
- Até que ponto é possível automatizar o trabalho sobre um material orgânico e natural como o couro?
Perguntas que o mercado está tentando responder.
A chegada da Inteligência Artificial está mudando as regras no curtume? Pergunta justa, resposta necessária. O momento para a implementação de novas soluções tecnológicas avançadas já passou da hora. O caso de uma fase de processamento demonstra isso: a classificação dos couros que, tradicionalmente, baseava-se exclusivamente no julgamento único e inquestionável do especialista de plantão, que avaliava cada couro com seu olhar agora já supertreinado. Mas a avaliação subjetiva não pode ser a mesma para todos. Agora, graças à Inteligência Artificial, os curtumes podem automatizar este processo com uma avaliação objetiva e padronizada baseada em dados. Mesmo num período em que os balanços das empresas a montante da cadeia de abastecimento da moda e do luxo não são particularmente flóridos devido à desaceleração do consumo, os gestores destas empresas têm uma janela sempre aberta no seu computador dedicada à Inteligência Artificial. Algumas empresas assumiram um interesse mais convicto e têm alocado recursos para a realização de projetos para apresentar aos clientes. Outras preferiram uma abordagem mais de espera, mas em qualquer caso, estão se preparando para estar prontas quando os clientes chegarem com os pedidos.
Em 2021, a Brevetti CEA (260 colaboradores) decidiu explorar o seu know-how desenvolvido em produtos farmacêuticos para o controle dos couros. Criou a divisão Brevetti Corium, focada justamente na verificação da qualidade dos couros. Conectada a uma rede neural, a máquina de controle criada pela empresa veneta leva 14 segundos para inspecionar um couro, identifica a classificação, mapeia e classifica os defeitos. «Estamos caminhando para a rastreabilidade, marcando o couro desde o wet blue até o produto acabado, conectando também a inspeção da matéria-prima com a do couro acabado», observa o CEO, Massimo Frasson. Entre os defeitos que a Inteligência Artificial consegue detectar (e gerir) está o grau de flor solta do couro. O próximo passo é informar ao usuário se o defeito presente pode ser coberto ou não e, em caso afirmativo, qual a melhor técnica. James Bayly, CEO da Mindhive Global, com sede na Nova Zelândia, diz que a IA já está permitindo que curtumes de todo o mundo tomem decisões mais rápidas e precisas.
Hoje, a Inteligência Artificial já não é vista como um mundo inatingível e ainda pouco útil, porque, no final, nunca poderá substituir o homem e a sua experiência. Essa mesma experiência da qual o algoritmo também se alimenta: uma quantidade impressionante de dados coletados e processados dos quais surge a melhor solução. Quando questionadas sobre a sua abordagem em relação à IA, as empresas que expuseram na última edição da Simac Tanning Tech (Fiera Milano Rho, 17 a 19 de setembro) deram, particularmente, duas respostas. A primeira: “Estamos explorando/nos informando”. A segunda: “Estamos coletando os dados”. “Estamos coletando os dados e estudando as ações consequentes”, explica o gerente do departamento comercial da Italprogetti, Matteo Marrucci, dando como exemplo o controle da secagem dos couros. Com base no clima externo, a IA decide qual a melhor forma de secar aquele tipo específico de couro. “Outra área de possível desenvolvimento é a automação para utilização dos produtos químicos. A IA será utilizada para otimizar processos”, conclui Marrucci.
O grupo Italtannery possui uma necessidade específica: fazer com que as máquinas das diferentes empresas do grupo falem a mesma língua. Também para poder gerenciar os processos e eventuais discrepâncias de forma única. “Estamos em fase de coleta de dados para treinar as máquinas. Estamos trocando ideias para que nossas empresas fiquem alinhadas. O objetivo é chegar a um passaporte digital do couro até o final do ano” específica Mauro Bergozza, CEO da Bergi. “As solicitações dos clientes centram-se na gestão do processo de produção do couro, portanto é importante utilizar a IA para desenvolver softwares capazes de analisar o desempenho da produção. Isso é possível com instrumentos de medição dentro do ciclo produtivo”, observa o técnico comercial da Ger Elettronica, Alberto Caliaro. Por sua vez, Officine di Cartigliano está desenvolvendo a utilização da IA para reduzir custos de energia, monitorando e otimizando a alimentação das máquinas. Mas, como mencionado, também há empresas que esperam para ver. “Estamos interessados na IA, mas, nesta fase, os clientes não parecem estar interessados da mesma forma e não estão dispostos a apoiar os nossos projetos” observa Cristiano Paccagnella, diretor geral da Omac. Na mesma linha, Olimpio Storti, CEO da Pajusco Tecnologie: “Inteligência artificial? Chegaremos lá. A IA ainda não entrou de forma significativa na empresa. Quando houver maior difusão e mais demanda, certamente estaremos preparados”.
Fonte: La Conceria (www.laconceria.it)
Traduzido por ABQTIC